sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

proposta didático pedagógica



FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO

PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012


Título: Despertando o interesse dos alunos pela leitura e produção textual a partir de crônicas engraçadas.

Autor
Eloir Wronski

Disciplina/Área (ingresso no PDE)
Língua portuguesa
Escola de Implementação do Projeto e sua localização
Colégio Estadual Padre Anchieta – EFM
Município da escola
Salgado Filho
Núcleo Regional de Educação
Francisco Beltrão
Professora Orientadora
Profª Drª. Greice da Silva Castela.

Instituição de Ensino Superior
UNIOESTE - Cascavel
Relação Interdisciplinar


Resumo

Nessa proposta de ensino, pretendemos oportunizar aos alunos um trabalho de leitura utilizando as crônicas engraçadas de Luis Fernando Veríssimo e Fernando Sabino como uma tentativa de contribuir para o desenvolvimento da leitura, interpretação e produção textual de maneira mais divertida ao aluno. A leitura das crônicas engraçadas pode possibilitar ao educando desenvolver sua capacidade leitora usando o humor como referência, consequentemente, melhorar sua conversação e sua escrita.  Uma possibilidade que lhe permita expressar seus sentimentos de maneira pessoal, buscando na palavra escrita grande parte de sua informação e de seu conhecimento de mundo. O trabalho com leitura de crônicas engraçadas pode oportunizar ao aluno-leitor do 8° ano do ensino fundamental alternativas de ver as coisas, formas plurais de perceber a realidade.  Sendo a crônica um texto baseado em acontecimentos do cotidiano, o educando pode perceber que ler faz bem e fermenta o intelecto. Além do cultivo do humor, este tipo de textos pode expressar sensibilidade, tanto emocional quanto linguística. Como em toda a grande arte, o significado mais profundo das crônicas engraçadas será diferente para cada pessoa, e diferente para a mesma pessoa em vários momentos de sua vida.


Palavras-chave
Crônicas engraçadas, leitura, escrita

Formato do Material Didático
Unidade Didádica
Público Alvo
Alunos do 8º ano do Ensino Fundamental












































Secretaria de Estado da Educação
Superintendência da Educação
                             Diretoria de Políticas e Programas Educacionais
Programa de Desenvolvimento Educacional









PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA: UNIDADE DIDÁTICA



TÍTULO: DESPERTANDO O INTERESSE DOS ALUNOS PELA LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL A PARTIR DE CRÔNICAS ENGRAÇADAS.







ÁREA/DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUESA



PROFESSOR PDE: ELOIR WRONSKI










                                                   SALGADO FILHO – PR
2012

Secretaria de Estado da Educação
Superintendência da Educação
                             Diretoria de Políticas e Programas Educacionais
Programa de Desenvolvimento Educacional



                                          
                                             ELOIR WRONSKI




DESPERTANDO O INTERESSE DOS ALUNOS PELA LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL A PARTIR DE CRÔNICAS ENGRAÇADAS.





Unidade didática apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria Estadual de Educação do Paraná – SEED. Orientadora: Profª Drª. Greice da Silva Castela.




  










SALGADO FILHO – PR
             2012



1. IDENTIFICAÇÃO:
Professora PDE: Eloir Wronski
Área PDE: Língua Portuguesa
Professora orientadora IES: Profª Drª. Greice da Silva Castela.
IES Vinculada: UNIOESTE - Cascavel
NRE: Francisco Beltrão - PR
Escola de Implementação: Colégio Estadual Padre Anchieta - EFM
Público objeto de intervenção: Alunos de 8º ano do Ensino Fundamental

Despertando o interesse dos alunos pela leitura e produção textual a partir de crônicas engraçadas.

2. APRESENTAÇÃO DA UNIDADE DIDÁTICA:

A proposta pedagógica a ser desenvolvida nesta unidade didática tem a intenção de possibilitar aos professores do oitavo ano do ensino fundamental  um roteiro de exploração didática de leitura e escrita de algumas crônicas engraçadas de Fernando Sabino e Luis Fernando Veríssimo, de modo a possibilitar aos alunos d conhecer e interagir no mundo da ficção que se mescla à realidade, gerando novas possibilidades de compreensão e de uma postura crítica frente às ideologias e valores que movem a sociedade atual.
Nossa meta principal é desenvolver nos alunos, leitores em formação, a capacidade de leitura e compreensão de textos engraçados que se relacionam com o cotidiano do educando, As crônicas engraçadas possibilitam isso, desenvolvendo a criticidade dos educandos a partir de uma leitura prazerosa.
Para as Diretrizes Curriculares Estaduais (2008), a literatura, como produção humana, está intrinsecamente ligada à vida social. O entendimento do que seja o produto literário está sujeito a modificações históricas, portanto, não pode ser apreensível somente em sua constituição, mas em suas relações dialógicas com outros textos e sua articulação com outros campos: o contexto de produção, a crítica literária, a linguagem, a cultura, a história, a economia, entre outros (DCEs, 2008, p.57).
Sendo a leitura um ato dialógico, o leitor tem papel ativo nesse processo. Ele precisa aprender o sentido do texto, não basta decifrar as palavras, é necessário haver a compreensão do significado das mesmas, visto que, ler é, acima de tudo, compreender.
 Ao primeiro contato com um texto, por mais simples que ele pareça, normalmente o leitor confronta-se com a dificuldade de “encontrar unidade por trás de tantos sentidos que ocorrem na superfície” (FIORIN, 1996, p.35). Portanto, há a necessidade de se desenvolver um percurso partindo dos significados superficiais para significados cada vez mais abstratos e profundos. E, ainda, segundo o mesmo autor: “o leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas entrelinhas. Caso contrário, ele pode passar por cima de significados importantes e decisivos ou, o que é pior, pode concordar com coisas que rejeitaria se as percebesse” (FIORIN, 2007, p.241).
Todavia, para haver essa compreensão semântica dos signos linguísticos também são fundamentais alguns conhecimentos prévios do leitor – como vocabulário, conceitos sobre texto, acervo pessoal do letor... Dessa forma, utilizando esses diversos tipos de conhecimento, consegue-se uma leitura satisfatória, pois alcançou-se acompreensão daquilo que lê.
Para Citelli (2001), autor que sinaliza a função de mediação que as palavras comportam, nós “iremos viver e aprender em contato com outros homens, mediados pelas palavras que irão nos informar e formar. As palavras serão por nós absorvidas, transformadas e reproduzidas, criando um circuito de formação e reformulação de nossas consciências” (CITELLI, 2001, p.28).
Para acontecer formação, transformação e reformulação de nossas consciências a partir de leituras é necessário que o leitor seja comprometido com aquilo que lê, isto é, ele precisa manter um posicionamento crítico acerca do que lê, não apenas passivo. Posto que, nesse âmbito, o leitor consegue ser tocado pela leitura.
E dessa forma, o leitor se aprofunda no texto e se confunde com ele, em busca do seu sentido. Percebemos assim, que a leitura é um processo interativo e instrumento essencial para levar o ser humano a entender e modificar o mundo em que vive.

O HUMOR COMO MECANISMO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
           
O riso sempre esteve presente no cotidiano das pessoas, seja nas piadas contadas entre amigos, seja em determinada situação engraçada, ou às vezes nem tanto, vivida por uma pessoa, e que foi motivo de sarro para outras. De todos os animais, somente o homem, ri, e fora o riso espontâneo das crianças, para citar Paes em Konzen, a capacidade de rir está ligada intimamente à capacidade de pensar, privativa do homem, único animal racional (PAES, 1993 apud KONZEN, 2002, p.47). Ou seja, o homem não só é capaz de rir, como também é o único com condições de tomar consciência de por que o faz. Assim, é capaz de rir até mesmo das próprias mazelas. Sempre encontrando um jeito bem humorado para lidar nas mais difíceis situações. O riso funcionaria como uma espécie de contraponto ao que está acontecendo. Uma forma de se dizer que algo não deveria ser de determinada forma, e que de alguma maneira, fugiu à normalidade, senão, não haveria motivo para rir.
O humor inteligente leva o indivíduo a inferir, comparar, confrontar e formular hipóteses, não é simplesmente o riso pelo riso, mas aquilo que motivou a rir. Então, a afirmação de que a comédia é inferior à tragédia, além de suscitar uma ideologia contrária ao pensamento crítico das pessoas, é infundada. A utilização do texto humorístico pode contribuir muito para a formação de um cidadão crítico. Além disso, desenvolve habilidades de raciocínio, através de situações prazerosas e motivadoras. Neste caso, é necessário que o professor proporcione experiências voltadas para o desenvolvimento do raciocínio.
O trajeto histórico, no entanto, mostra que a comédia não desfruta do mesmo prestígio da tragédia. Enquanto esta possui heróis e narra fatos heroicos, aquela se ocupa de acontecimentos burlescos e de cidadãos comuns. Na comédia, o senso crítico do indivíduo revela-se por meio do riso, deixando-o mais próximo da realidade dos fatos; ao contrário, a tragédia mexe com a sua emoção. Logo, pode-se dizer que o riso é uma manifestação do pensamento crítico, só ri quem consegue compreender e analisar uma dada situação e o que ela sugere.
Para Solé (1998, p. 91), “as situações de leitura mais motivadoras também são as mais reais, aquelas em que a criança lê para se libertar, para sentir o prazer de ler”. Neste caso, é importante iniciar o trabalho com textos humorísticos desde o ingresso da criança em sala de aula, aprofundando a análise, no decorrer de sua vida escolar.

3. UNIDADE DIDÁTICA

Atividade 1.
           
           O professor(a) poderá  realizar um breve debate sobre o que se entende por crônica e qual a concepção de humor,  com questões como:
O que é uma crônica?  Que tipos de coisas você acha engraçado?
Para Mendonça (2011), a palavra crônica vem do grego chronikós, relacionado a tempo (chrónos) e por muito tempo o termo foi utilizado para designar uma lista de acontecimentos ordenados em sequência cronológica. Com a difusão da imprensa a crônica aderiu ao jornal como o relato do dia a dia e em 1799 apareceu em Paris como “feuilletons”, fazendo uma crítica da atividade dramática. Em 1836, no Brasil, o termo traduz para “folletim” e passa a ser usado como narrativa do dia a dia e aqui se desenvolve de forma diferenciada de como se apresenta em outras literaturas.
A crônica é um gênero da ordem do narrar que valoriza as situações corriqueiras do dia a dia que são narradas de forma simples e descontraída - às vezes divertida, às vezes crítica, às vezes poética. Apresenta, portanto, os mesmo elementos da narrativa: personagem enredo, tempo, espaço e narrador.
Discutir com os alunos qual a importância do humor no cotidiano escolar e nas aulas de língua portuguesa.
Buscaremos no site Youtube entrevista de escritores e como se inspiram para produzir.
Realizar a leitura da crônica a seguir.


Luís Fernando Veríssimo
Não tenho curso superior. O que eu sei foi a vida que me ensinou, e como eu não prestava muita atenção e faltava muito, aprendi pouco. Sei o essencial, que é amarrar os sapatos, algumas tabuadas e como distinguir um bom Beaujolais pelo rótulo. E tenho um certo jeito — como comprova este exemplo — para usar frases entre travessões, o que me garante o sustento. No caso de alguma dúvida maior, recorro ao bom senso. Que sempre me responde da mesma maneira? "Olha na enciclopédia, pô!"
Este naco de autobiografia é apenas para dizer que nunca tive que passar pelo martírio de um vestibular. É uma experiência que jamais vou ter, como a dor do parto. Mas isto não impede que todos os anos, por esta época, eu sofra com o padecimento de amigos que se submetem à terrível prova, ou até de estranhos que vejo pelos jornais chegando um minuto atrasados, tendo insolações e tonturas, roendo metade do lápis durante o exame e no fim olhando para o infinito com aquele ar de sobreviventes da Marcha da Morte de Batan. Enfim, os flagelados do unificado. Só lhes posso oferecer a minha simpatia. Como ofereci a uma conhecida nossa que este ano esteve no inferno.(...)

O professor escreverá na lousa o título da crônica e discutirá qual o assunto que o texto aborda. Em seguida entregará uma cópia do texto aos alunos que farão leitura silenciosa e depois se reunirão em grupos para dramatizar a crônica.
Concluida a leitura e a dramatização, o professor(a) mobilizará a turma para comentários a respeito das primeiras impressões a respeito da crônica; e encaminhará as estratégias para uma pesquisa que poderá ser feita em Bibliotecas ou na Internet sobre a biografia do autor.
(Disponível em: http://www.releituras.com/lfverissimo_bio.asp - acessado no dia 30/10/2012)
Feita a pesquisa, o professor deverá fazer a leitura oral do texto para os alunos,  fornecendo a eles informações sobre as palavras e expressões – abaixo relacionadas - que são empregadas no texto:
Marcha da Morte de Bataan - é o nome como ficou conhecido um dos maiores crimes de guerra da II Guerra Mundial, ocorrido no início da Guerra do Pacífico, contra prisioneiros norte-americanos e filipinos derrotados pelas forças japonesas após a Batalha de Bataan, parte da Batalha das Filipinas, ocorrida entre dezembro de 1941 e abril de 1942.
            (Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcha_da_Morte_de_Bataan - acessado no dia 30/10/2012)

Napalm - é um conjunto de líquidos inflamáveis à base de gasolina gelificada, utilizados como armamento militar. O napalm é na realidade o agente espessante de tais líquidos, que quando misturado com gasolina a transforma num gel pegajoso e incendiário.
            (Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Napalm - acessado o dia 30/10/2012)

Henry Alfred Kissinger -  (nascido Heinz Alfred Kissinger; Fürth, 27 de maio de 1923) é um diplomata estado-unidense, de origem judaica, que teve um papel importante na política estrangeira dos Estados Unidos entre 1968 e 1976. 
            (Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_Kissinger - acessado no dia 30/10/2012).

Após a leitura do texto, os alunos, em grupo, deverão responder às questões propostas na sequência.
1. Uma crônica humorística visa basicamente o riso, com certo registro irônico dos costumes. A crônica lida pode ser considerada  humorística. Por quê?
2. O que significa flagelo? Por que o vestibular pode ser considerado um flagelo para o autor?
3.  A crônica “O flagelo do vestibular” é  escrita em primeira pessoa. Transcreva   do texto uma expressão que comprove que o narrador é o próprio autor, isto é, o autor fala  de si mesmo.
4. O autor inicia a crônica dizendo que não tem curso superior.
a. Ele lamenta esse fato? Justifique sua resposta.
b. Não ter cursado uma universidade faz falta a ele? Justifique sua resposta.
5. Apesar de não ter enfrentado um vestibular, o autor sofre  junto com amigos que têm filhos vestibulandos. A opinião do autor sobre o vestibular é positiva ou negativa? Explique.
6. Observe esta passagem do texto:
"E quanto conseguia dormir, sonhava com escolhas múltiplas, a) fracasso, b) vexame, c) desilusão. E acordava gritando, NENHUMA DESTAS! NENHUMA DESTAS! Foi horrível.” Qual é o conhecimento prévio necessário ao leitor para compreender este trecho do texto?
7. “O inconsciente do filho às vezes nem tá, diz pra coroa que cravou coluna do meio em tudo e está matematicamente garantido.” Explique o que se pode deduzir da expressão em destaque.
8. Observe esta passagem do texto:
"Não haveria um jeito mais humano de fazer a seleção para as universidades? Por exemplo, largar todos os candidatos no ponto mais remoto da floresta amazônica e os que voltassem à civilização estariam automaticamente classificados? Afinal, o Brasil precisa de desbravadores.”
O que se pode inferir da sugestão irônica do autor para o processo seletivo para as universidades?
9. Assinale a(s) alternativas em que constam estratégias linguísticas responsáveis pelo humor da crônica. Dê um exemplo do texto para cada alternativa marcada.
(   ) As comparações, os exageros, os paradoxos são explorados em seu aspecto mais original para divertir o leitor.
(   ) O autor utiliza a ironia para criticar o vestibular no Brasil,  assim a indústria dos cursinhos pré-vestibulares.
10. Discuta com os colegas e responda:
 a. O processo seletivo de ingresso à universidade – o vestibular- é injusto?  Por que? Vocês concordam com o autor?
b. O humor é uma estratégia para criticar  a realidade? Justifique.

Produção de texto
            Certamente a crônica “Flagelo do Vestibular” de Luis Fernando Veríssimo, não deixou você e seus colegas indiferentes: afinal ela aborda, com humor, um tema que fará parte de uma fase da vida de vocês.
            Após reflexão e discussão na classe da crônica mencionada acima, produza uma crônica humorística sobre a educação no Brasil ou selecione uma preocupação recorrente no seu dia-a-dia e produza uma crônica engraçada.
 O texto será lido em sala de aula para ser apreciado pelo professor e pelos colegas e alguns textos serão publicados em um jornal de circulação local e no blog http://orisoemfoco.blogspot.com.br/.
Para motivar os alunos a respeito da temática da aula, qual seja: identificar e empregar a ironia como estratégia do dizer, na construção determinados efeitos de sentido - uma vez que a ironia consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa, apresentaremos aos alunos a seguinte charge disponível em:

           Como estratégia para atualização do conhecimento prévio do aluno, recomendaremos aos alunos algumas questões apresentadas a seguir.
1. Dentre as características de uma charge, destaca-se a articulação entre diferentes linguagens, especificamente a verbal e a visual. Estabeleça essa relação na charge apresentada.
2. Além da linguagem das imagens que outro recurso é responsável pelo estabelecimento do humor na charge?
3. Qual é o conhecimento de mundo necessário para a compreensão da charge?
4. Qual a crítica /denúncia que se pode depreender com a leitura desta charge?
Os alunos poderão responder às perguntas propostas por escrito ou oralmente.
Com o objetivo de mostrar aos alunos que assim como nas charges, há crônicas que podem transmitir um posicionamento crítico sobre personagens e fatos políticos por meio do humor, apresentaremos a crônica “O povo” de Luiz Fernando Veríssimo.
Levaremos os alunos ao laboratório de informática para pesquisar sobre Luis Fernando Veríssimo e sua obra.
Informações disponíveis nos sites:
Em sala de aula, antes de entregar uma cópia do texto aos alunos, o professor deverá fazer algumas perguntas aos alunos como estratégia de antecipação da leitura a ser realizada.
1. Vivemos numa sociedade dividida em classes, portanto, em que há pobres e ricos. Pode-se afirmar que cada classe tem seu modo de ver o mundo, a sua ideologia?
2. Qual é a ideologia dominante?
3. O povo (os pobres) contribuem para haja uma sociedade melhor? De que forma?
Na sala de aula, o professor deve solicitar aos alunos que façam a leitura silenciosa da crônica "O povo".

Luis Fernando Veríssimo
            Não posso deixar de concordar com tudo que dizem do povo. É uma decisão impopular, eu sei, mas o que fazer? É a hora da verdade. O povo que me perdoe, mas ele merece tudo que tem se dito dele. E muito mais.
As opiniões recentemente emitidas sobre o povo até foram tolerantes. Disseram, por exemplo, que o povo se comporta mal nos grenais. Disseram que o povo é corrupto. Por um natural escrúpulo não quiseram ir mais longe. Pois eu não tenho escrúpulo.
O povo se comporta mal em toda parte, não apenas no futebol. O povo tem péssimas maneiras. O povo se veste mal. Não raro, cheira mal também. O povo faz xixi e cocô na escala industrial. Se não houvesse povo, não teríamos o problema ecológico. O povo não sabe comer. O povo tem um gosto deplorável. O povo é insensível. O povo é vulgar. (...)

Após a leitura do texto, os alunos deverão responder às seguintes perguntas:
1.    Na organização do texto, pode-se perceber que há uma oposição básica: povo versus elite. Quais são as ideias que se opõem em relação a esses dois polos, respectivamente?
2.    Identifique no texto trechos em que culpam o povo:
a.    Pelos problemas de trânsito.
b.    Pela explosão demográfica.
c.    Pelas eleições mal sucedidas.
3.    Frases convencionais, cristalizadas, tais como “o povo não sabe votar” eu passam a ser tomadas como “verdades” são responsáveis pela manutenção da ideologia dominante.
Você concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta.
4.    O autor usa em seu texto, a estratégia do dizer ”ironia”, que consiste em dizer uma coisa para que se entenda outra. Portanto, quando o autor critica o povo, na verdade, quem ele está criticando?
5.    A estratégia usada pelo autor possibilita que se estabeleça um jogo de imagens: o interlocutor pensa que ele é alguém que na verdade ele não é. Explique essa afirmação.
6.    Esse jogo de imagens criado pelo autor estabelece no texto a ironia. Comente.
7.    Retire uma passagem do texto que comprove dizer que na verdade o fator econômico determina os hábitos do povo.
8.    De acordo com a ideologia da classe dominante, o homem do povo é uma vítima do sistema ou um ser “inferior de nascença”?

Produção de texto
Assim como Luís Fernando Veríssimo, produza um texto irônico usando a ironia como estratégia do dizer para criticar um determinado grupo social e seus preconceitos em relação a outro grupo.
            Os textos serão trocados entre os alunos para que eles façam as correções que acharem necessárias e sugestões pertinentes. Em seguida cada aluno com o seu texto produzido vai reescrevê-lo observando as sugestões dos colegas. Após o texto será lido em sala de aula para ser apreciado pelo professor e pelos colegas e alguns textos serão publicados em um jornal de circulação local e no blog http://orisoemfoco.blogspot.com.br/

Sugestões para a produção textual:

a. Os adolescentes – uma crítica que ironiza o modo como os adultos veem os adolescentes.
b. Os alunos – uma crítica que ironiza como os professores/ educadores veem os alunos.

Recursos Complementares

O professor poderá levar os alunos ao laboratório de informática para que eles digitem as suas produções de texto.

Avaliação

O professor recolherá os textos dos alunos para avaliação, com a finalidade de verificar como cada aluno desenvolveu a proposta e se atingiu o objetivo da produção. Por meio da produção escrita dos alunos, o professor poderá também avaliar o aluno em leitura, uma vez que o emprego adequado da ironia como estratégia do dizer comprovará que o aluno atingiu também os objetivos propostos para a leitura dos textos trabalhados.
Ao iniciar a aula o professor pedirá para os alunos que pesquisem na sala de informática um pouco sobre a vida e obra do escritor Fernando Sabino.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Sabino - acessado no dia 01/11/2012.
Pergunte se alguém já leu algum texto do autor ou se o conhece. (Sugiro que selecione na biblioteca da escola algumas obras de Fernando Sabino e leve-as para a sala de aula). Em seguida, entregue aos alunos o texto “Como comecei a escrever”, solicitando uma leitura silenciosa do mesmo. Terminada a leitura silenciosa, os alunos serão questionados oralmente com as seguintes interrogações:
è Qual o assunto do texto?
è Quem é o narrador desse texto?
è Qual a relação existente entre o título e o texto?
è Qual a importância da literatura na vida de quem escreve?
è Podemos dizer que este texto faz referência à vida de Fernando Sabino? De que forma isso é possível?
è Qual a sua relação com a escrita? Você costuma escrever? O quê? Em que momentos?
 Agora, faça uma leitura coletiva do texto com os alunos. Em seguida, as atividades propostas.



Fernando Sabino

         Quando eu tinha 10 anos, ao narrar a um amigo uma história que havia lido, inventei para ela um fim diferente, que me parecia melhor. Resolvi então escrever as minhas próprias histórias.
Durante o meu curso de ginásio, fui estimulado pelo fato de ser sempre dos melhores em português e dos piores em matemática — o que, para mim, significava que eu tinha jeito para escritor. (...)
(Disponível em: http://www.releituras.com/fsabino_comocomecei.asp - acessado no dia 01/11/2012).

Atividades:

1) O texto “Como comecei a escrever” é narrado em 1ª ou 3ª pessoa? Justifique sua resposta.
2) Quando foi que o “eu” do texto “Como comecei a escrever” iniciou suas próprias produções textuais? E o que motivou essa produção?
3) Na escola:
a) Em qual disciplina o “eu” se considerava melhor? E pior? Justifique.
b) E por que ele achou que tinha jeito para escritor?
4) Retire do texto elementos que mostram que a história narrada aconteceu há muito tempo.
5) Quem é Berenice? E qual a importância dela na vida do “eu” do texto?
6) Qual foi a mudança ocorrida na vida literária do “eu” quando este completou seus 14 anos?
7) Em “Muito me ajudou, neste início de carreira, ter aprendido datilografia na velha máquina Remington do escritório de meu pai.”, o trecho destacado nos dias atuais poderia ser substituído por:
8) No trecho: “Naquela época os programas de rádio faziam tanto sucesso quanto os de televisão hoje em dia, e uma revista semanal do Rio, especializada em rádio, mantinha um concurso permanente de crônicas sob o título “ O Que Pensam Os Rádio-Ouvintes”.”
Os elementos destacados do texto indicam uma:
 ( ) conclusão ( ) explicação ( ) comparação ( ) oposição

Concluída as atividades pelos alunos, será feita a correção das atividades realizadas, solicitando a um aluno que diga a resposta dada por ele para a questão 1 e, caso seja necessário, complementando-a com o auxílio dos outros alunos, fazendo o mesmo com as outras questões.
Terminada a correção, será entregue o segundo texto “A última crônica”, de Fernando Sabino, para os alunos. Solicite a leitura silenciosa do mesmo. (É recomendável levar dicionários para sala de aula). Depois da leitura silenciosa faz-se alguns questionamentos orais:
1)    Já conheciam a crônica? O que acharam?
2)     Alguém já viveu algo semelhante ao descrito na crônica ou conhece alguém que viveu algo parecido?
3)    Quem já comemorou um aniversario de forma diferente do tradicional bolo com velinhas? Como foi? Peça para que cada aluno conte como comemorou seu ultimo aniversário.
4)    Há algo que ficou difícil de entender?
Após os questionamentos orais, peça aos alunos que, em pequenos grupos, leiam novamente o texto e escolham um parágrafo em que o cronista conseguiu mexer com a emoção deles para apresentar aos colegas.

Fernando Sabino

A caminho de casa, entro num botequim para tomar café. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado. Eu pretendia recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, que a faz mais digna de ser vivida. Estou sem assunto. Lanço um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.  
Ao fundo do botequim, um casal de pretos acaba de sentar-se. A compostura da humildade deixa-se acentuar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas ou correr os olhos ao redor.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom e aponta um pedaço de bolo sob uma redoma de vidro. A mãe limita-se a ficar observando. A meu lado, o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho – um bolo simples, amarelo-escuro – apenas uma fatia triangular. (...)
(Disponível em: http://intervox.ufrj.br/~jobis/s-ult.html - acessado no dia 01/11/2012).

Professor, peça aos alunos que realizem as atividades propostas sobre o texto. Corrija os exercícios no quadro com a participação dos alunos. (Sugiro que solicite a eles que digam a resposta dada a cada questão e construa no quadro sugestões de respostas.)
Seguem algumas sugestões de atividades:

Atividades:

1) Que tipo de narrador o texto “A Última crônica” apresenta? Justifique sua resposta.
2) Retire do texto as informações abaixo:
 a) Quem entra no botequim?
 b) Onde fica o botequim?
c) em primeiro lugar, entra no botequim para quê?
d) Na verdade, o que ele faz nesse lugar?
e) o que ele deseja?
3) Sobre o trecho: “Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade.”, responda:
a) Quem são esses “três esquivos”?
b) O que significa ser esquivo?
c) Onde eles estão?
d) Levante hipóteses a respeito do que eles estão fazendo ali.
4) O que o pai pede ao garçom?
5) No trecho “A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom.”, explique a ansiedade da mãe ao esperar a provação do garçom.
Por que o garçom não aprovaria o pedido do pai?
6) Observe que ao descrever a cena que está diante dos olhos, o narrador-personagem questiona: “Por que não começa a comer?” Por quê? Levante hipóteses.
7) Em “Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual.”, a expressão destacada será revelada mais adiante. O que representa esse ritual? Quais são os elementos que compõem esse ritual?
8) Explique o que sentiu o narrador-personagem quando o pai sorri para ele.
Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.”

Produção de texto

No primeiro texto de Fernando Sabino, o narrador-personagem nos conta como ele começou a escrever e sua paixão pela Literatura. Já no segundo, o narrador-personagem procura algo do cotidiano para escrever a sua última crônica e se depara com uma comemoração de aniversário de uma menininha de dois anos em um lugar (botequim) um pouco improvável para o “ritual”. Com base nas leituras, produza um pequeno texto a partir de uma cena que você considere importante do seu dia a dia.
            Os textos serão trocados entre os alunos para que eles façam as correções que acharem necessárias e sugestões pertinentes. Em seguida cada aluno com o seu texto produzido vai reescrevê-lo observando as sugestões dos colegas. Após o texto será lido em sala de aula para ser apreciado pelo professor e pelos colegas e alguns textos serão publicados em um jornal de circulação local e no blog http://orisoemfoco.blogspot.com.br/.

Professor inicie a aula com uma pequena biografia do autor (disponível no site: http://www.releituras.com/lfverissimo_bio.asp - acessado no dia 01/11/2012). Em seguida, questione os alunos quanto ao título da crônica “COMO AS MULHERES DOMINARAM O MUNDO”:

Como é a situação da mulher na sociedade hoje?
Vocês (alunos) acreditam que elas (as mulheres) conquistaram um espaço maios na sociedade atual?
Como vocês imaginam a relação entre mulher e sociedade há alguns anos?
          • Como os homens veem as mulheres hoje em dia, por exemplo, no mercado profissional? E como deveria ser (ou como era) no passado?
          • Para vocês, a conquista feminina pode levar as mulheres a ocuparem cargos até então ocupados pelos homens? Por quê?
Leitura silenciosa do texto.

Luís Fernando Veríssimo

       Conversa entre pai e filho, por volta do ano de 2031 sobre como as mulheres dominaram o mundo.
- Foi assim que tudo aconteceu, meu filho...
Elas planejaram o negócio discretamente, para que não notássemos Primeiro elas pediram igualdade entre os sexos. Os homens, bobos, nem deram muita bola para isso na ocasião. Parecia brincadeira.
Pouco a pouco, elas conquistaram cargos estratégicos: Diretoras de Orçamento, Empresárias, Chefes de Gabinete, Gerentes disso ou daquilo.
- E aí, papai?
- Ah, os homens foram muito ingênuos. Enquanto elas conversavam ao telefone durante horas a fio, eles pensavam que o assunto fosse telenovela. Triste engano. De fato, era a rebelião se expandindo nos inocentes intervalos comerciais. "Oi querida!", por exemplo, era a senha que identificava as líderes. "Celulite", eram as células que formavam a organização. Quando queriam se referir aos maridos, diziam "O regime". (...)
(Disponível em: http://pensador.uol.com.br/frase/Mzk4NDI1/ - acessado no dia 01/11/2012).

Após a leitura silenciosa, solicite que alguns alunos leiam o texto em voz alta, dramatizando os personagens presentes na crônica: o narrador, o pai e o filho.
           Realize atividades referentes ao texto. Seguem abaixo sugestões de atividades.

1) Geralmente, a crônica traz uma crítica a algum aspecto da vida em sociedade. Qual a provável crítica presente nessa crônica?

2) Pai e filho conversam sobre qual assunto?

3) Responda:
a)    De que forma as mulheres iniciaram aquilo que viria a ser a grande revolução feminina por volta do ano de 2031?
b) Qual foi a primeira solicitação feminina?
c) Qual foi a estratégia usada pelas mulheres para atingirem seus objetivos?
4) Como são caracterizados os homens diante do processo de conquista feminina?
5) De acordo com o texto, explique a expressão destacada no seguinte trecho:
“ A esposa e a amante, que na TV posavam de rivais, eram, no fundo, cúmplices de uma trama diabólica.”
6) Destaque no texto os pronomes pessoais. Escreva a que cada um se refere, ou seja, o seu referente.
7) Explique a última fala do texto: “- Sssshhh! Escutei barulho de carro chegado. Disfarça e continua picando essas batatas”.
8) Reescreva o seguinte parágrafo e substitua os termos destacados por outros, sem que haja alteração do sentido:
 “Elas planejaram o negócio discretamente, para que não notássemos. Primeiro elas pediram igualdade entre os sexos. Os homens, bobos, nem deram muita bola para isso na ocasião. Parecia brincadeira.”
9) As mulheres têm realmente a sua independência nos dias atuais? Justifique.
10) Qual a sua opinião sobre a independência, tanto do homem quanto da mulher?

Avaliação

Você acredita que as mulheres realmente querem dominar o mundo? Por quê?
            Acha que é possível que essa dominação aconteça? Por quê?
Responda a estas perguntas em forma de um pequeno texto, não deixando de apresentar os argumentos favoráveis a sua opinião.



REFERÊNCIAS

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CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. 2 ed. São Paulo: Scipione, 1990.

KONZEN, Paulo Cezar. Ensaios sobre a arte da palavra. Cascavel: Edunioeste, 2002.

LEFFA, Vilson J. Perspectiva no Estudo da Leitura - Texto, Leitor e Interação Social. In: LEFFA, Vilson J. & PEREIRA, Aracy E. O Ensino da Leitura e Produção Textual. Pelotas – RS: Educat, 1999. P. 14-37.

MENDONÇA, Tauane Bevilacqua. Os Retratáveis do Samba e Pérsio Moraes: Análise de Elementos Ligados ao Samba a partir das Crônicas da Revista da Música Popular (1954 – 56). Curitiba: UFPR, 2011. 79 p.

MOISÉS, Massaud. A Criação Literária. São Paulo: Editora Cultriz, 1975.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação do. Diretrizes curriculares da educação básica: Língua Portuguesa. Curitiba: Secretaria da educação, 2008.

RICHE, Rosa & HALDAD, Luciane. Oficina da palavra, ler e escrever bem para viver melhor. 5. ed. São Paulo:FTD, 1994.

SILVA, Theodoro Ezequiel da. A Produção da Leitura na Escola. 2. ed. São Paulo: Ática, 2005.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.

ZILBERMAN, Regina. A Leitura no Brasil História e Instituições. In: LEFFA, Vilson J. & PEREIRA, Aracy E. O Ensino da Leitura e Produção Textual. Pelotas – RS: Educat, 1999. P. 40-51.


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