1.
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Professor PDE: Eloir Wronski
Área PDE: Língua Portuguesa
NRE: Francisco Beltrão
Escola de Implementação: Colégio Estadual
Padre Anchieta – Ensino Fundamental e Médio.
Público Objeto da Intervenção: 8º ano
2.TEMA
Leitura
e produção textual a partir de crônicas engraçadas.
3.
TÍTULO
Despertando
o interesse dos alunos pela leitura e produção textual a partir de crônicas
engraçadas.
4.
JUSTIFICATIVA DO TEMA
Este estudo
justifica-se por ser a leitura e a escrita
um dos maiores desafios das escolas, visto que quando estimuladas de forma
criativa, possibilitam a redescoberta do prazer de ler, a utilização da escrita
em contextos sociais e a inserção do adolescente no mundo das letras.
Diante das dificuldades
encontradas em sala de aula para a realização de leitura e produção de texto,
verificou-se a necessidade de buscar novas metodologias de ensino para que se
desperte no aluno o gosto pela leitura, uma vez que é imprescindível que os
estudantes adquiram o hábito da leitura.
Pensando nesse contexto, o
projeto de pesquisa surge da necessidade de buscar alternativas para que o estudante tenha consciência da importância da
leitura para o desenvolvimento intelectual de cada indivíduo, tornando-se,
assim, necessário e viável, pois pretende provocar a leitura, a interpretação e a produção
por meio das crônicas engraçadas.
Buscando
despertar o interesse do adolescente pela leitura optou-se em trabalhar com
crônicas engraçadas porque estes textos são curtos e voltados para o cotidiano,
acreditando-se que despertará o interesse do aluno, estando
disponíveis em vários meios de comunicação, são de
fácil acesso ao educando em jornais, revistas, internet e nos livros literários
e didáticos.
Entende-se que
para o aluno chegar ao ensino médio, ele precisa dominar a leitura e a produção
textual. Por isso, optamos em trabalhar este projeto no 8º ano do ensino
fundamental, dando tempo assim para que o discente ingresse no ensino médio com
tais habilidades, sendo, esta intervenção, realizada no Colégio Estadual Padre
Anchieta – EFM de Salgado Filho.
5.
PROBLEMATIZAÇÃO
è Como
realizar procedimentos de leitura e produção mais producentes na sala de aula a
partir das crônicas engraçadas, de modo que possam contribuir nos processos de
ensino e aprendizagem de alunos de 8º ano do Ensino Fundamental?
6.
OBJETIVOS
6.1
OBJETIVO GERAL
è Despertar
o interesse do adolescente pela leitura a partir do gênero crônica, de modo a
desenvolver as habilidades de leitura e produção textual.
6.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
è Estimular
o prazer pela leitura;
è Possibilitar
a identificação e caracterização do gênero crônicas engraçadas;
è Possibilitar
ao aluno adolescente o desenvolvimento das competências leitora e de produção
textual;
è Interpretar
as crônicas engraçadas, contextualizando-as e relacionando-as com a realidade
do aluno;
è Produzir
textos de acordo com o gênero estudado.
7.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
7.1. A IMPORTÂNCIA DA LEITURA
Infelizmente, em nossas escolas a leitura, muitas vezes,
é deixada de lado para priorizar a escrita, o que acaba privando o aluno da
busca pelo saber. Para Cagliari:
A atividade
fundamental desenvolvida pela escola para a formação dos alunos é a leitura. É
muito mais importante saber ler do que saber escrever. O melhor que a escola
pode oferecer aos alunos deve estar voltado para a leitura. Se um aluno não se
sair muito bem nas outras atividades, mas for um bom leitor, penso que a escola
cumpriu em grande parte sua tarefa. Se, porém, outro aluno tiver notas
excelentes em tudo, mas não se tornar um bom leitor, sua formação será
profundamente defeituosa e ele terá menos chance no futuro do que aquele que,
apesar das reprovações, se tornou um bom leitor (CAGLIARI, 1990, P. 148).
De
acordo com Cagliari, a leitura é fundamental para a formação dos alunos, pois é
uma atividade de assimilação de conhecimento, de interiorização e
principalmente de reflexão. Através dela o aluno tem acesso aos mais diversos
assuntos que lhe permitem analisar os acontecimentos que o cercam. É o que
afirma Riche (1994, p. 207), O ato de ler abre novas perspectivas ao
estudante permitindo-lhe posicionar-se criticamente diante da realidade.
A
leitura propicia descobertas que levam o educando a interpretar o mundo e sua
evolução, e por meio desta, forma o seu conceito da realidade. Portanto, a
leitura não pode ser uma atividade secundária em sala de aula, a qual o(a)
educador(a) e a escola não enfatizam para trabalhar problemas da escrita. Para
Cagliari:
Há um
descaso enorme pela leitura de textos, pela programação dessa atividade na
escola, no entanto, a leitura deveria ser a maior herança legada pela escola
aos alunos, pois ela, e não a escrita, será fonte perene da educação, com ou
sem a escola (CAGLIARI, 1990, p. 173).
Se
o ato de ler não se desenvolve, talvez o aluno não esteja sendo desafiado a
desenvolver suas potencialidades, pois a formação de leitores competentes leva
a formação de escritores, já que a possibilidade de produzir textos eficazes
tem sua origem na prática da leitura, que nos fornece a matéria-prima para a escrita:
o que escrever. Sendo assim, não haverá bons escritores se estes não forem bons
leitores.
A
leitura e a escrita, práticas complementares fortemente relacionadas, são
efetivadas através do texto, o qual implica, sobretudo a compreensão e expressão
de significados. É no texto que a linguagem-atividade humana, histórica e
social, desempenha sua função interlocutora, dialógica. Ler o texto significa,
pois, atribuir sentido àquilo que ele diz, mantendo
com o autor um diálogo profícuo.
Para
Silva
A leitura ocupa, sem
dúvida, um espaço privilegiado não só no ensino da língua portuguesa, mas
também no de todas as disciplinas acadêmicas que objetivam a transmissão de
cultura e de valores para as novas gerações. Isso porque a escola é, hoje e
desde há muito tempo, a principal instituição responsável pela preparação de
pessoas para o adentramento e a participação no mundo da escrita, utilizando-se
primordialmente de registros verbais escritos (textos) em suas práticas de
criação e recriação de conhecimentos. (SILVA, 2005, p.16)
Diante
do exposto, todos os professores de todas as disciplinas precisam priorizar a
leitura, considerando que esta é o caminho principal para o desenvolvimento
intelectual da criança em desenvolvimento de seus conhecimentos acadêmicos. A
escola enquanto instituição social tem o papel de propiciar condições para que
o aluno possa adquirir um conhecimento significativo. Isso se concretizará
quando o professor assumir sua responsabilidade na formação de cidadãos com
competência leitora.
7.2. OBJETIVOS DA LEITURA NA ESCOLA
Segundo as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná de
Língua Portuguesa
É tarefa da escola
possibilitar que seus alunos participem de diferentes práticas sociais que
utilizem a leitura, a escrita e a oralidade, com a finalidade de inseri-los nas
diversas esferas de interação. Se a escola desconsiderar esse papel, o sujeito
ficará à margem dos novos letramentos, não conseguindo se constituir no âmbito
de uma sociedade letrada (DCE’s, 2008, p.48).
A
leitura deve constituir a captação de significados, numa crescente comunicação
entre o leitor e o texto, levando o leitor a aprender, descobrir, reconhecer e
utilizar os sinais da linguagem, no entanto, constata-se cada vez mais que os
alunos do ensino fundamental não possuem hábitos de leitura. Raramente comentam
o que leem com colegas ou professores, pois leem sem finalidades, e além do
mais, a leitura vem sendo apresentada sob uma forma de opressão retirados das
bibliotecas diariamente. Para Solé
Um dos múltiplos
desafios a ser enfrentado pela escola é o de fazer com que os alunos aprendam a
ler corretamente. Isto é lógico, pois a aquisição da leitura é imprescindível
para agir com autonomia nas sociedades
letradas, e ela provoca uma desvantagem profunda nas pessoas que não
conseguiram realizar essa aprendizagem (SOLÉ, 1998, p. 32).
Dificilmente
se encontram estudantes discutindo entre si, ou com professores, algum livro
lido. E quando o fazem deixam-se levar por impressões subjetivas e emocionais
para defender um ponto de vista, da moda, dos lugares comuns e do precioso, não
sabendo distinguir entre impressões e realidade. Segundo Teril (1998, p. 28) A leitura está tornando-se o modo de
comunicação menos procurado e visto o mais ingrato de todos. Para que isso venha
a mudar é preciso que a escola se transforme num espaço de leitura prazerosa,
desenvolvendo a compreensão do aluno frente a diversos tipos de textos. E para
que isso ocorra o professor deve ser o mediador entre o leitor e o texto,
contribuindo assim para a formação de leitores.
Além
disso, sem finalidades, dificilmente sabem por que leem, sendo comum encontrar
jovens a ler um texto, em voz alta, com perfeita pronúncia e pontuação correta,
mas se for solicitado para comentar sobre o lido, não são capazes. Essa pessoa,
na verdade, não lê, pois ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o
sentido de um texto, e nem consiste na captação de significados, numa crescente
comunicação entre o leitor e o texto, como nos coloca Cagliari (1990, p. 155), Por leitura entende-se toda manifestação
linguística que uma pessoa realiza para recuperar um pensamento formulado por
outra e coloca em forma escrita.
Outro
equívoco frequente é a leitura sob forma opressora, estática, mecânica,
fragmentada e isolada da realidade. Por isso, raramente se encontram alunos
numa biblioteca, e quando se encontram é para a aprendizagem, pois é sabido que
as pesquisas não passam de cópias de trechos de algum livro. Não são capazes
de, a partir de uma pesquisa, atribuir-lhe uma significação, não relacionando o
conteúdo lido com a realidade e, consequentemente, não conseguindo integrar-se
às leituras, rebelando-se contra ela, pois não conseguem posicionar-se diante
do problema. Para Cagliari (1990, p. 148), A leitura é a extensão da escola na vida das pessoas. A
maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da
leitura fora da escola. A leitura é uma herança maior do que qualquer diploma.
Dessa
forma, somos levados a acreditar que o nosso aluno, precisa aprender o prazer
da leitura para adquirir o hábito de ler e precisa querer sentir necessidade de
decifrar o meio através da leitura para torná-la viável como um processo de
relação entre o domínio da mecânica e do pensamento, selecionando o que lhe
permita inúmeras experiências, como falar, observar, experimentar, registrar e
principalmente viver com intensidade e satisfação. É importante salientar que
os primeiros contatos com a leitura são fundamentais para a criação do hábito
de leitura, ou seja, do bom um leitor para vida inteira.
7.3. A LEITURA NO BRASIL
Conforme
Zilberman
A
história da leitura pode ser concebida da maneira mais simples, enquanto mero
relato da progressão cronológica das obras escritas. Essa acepção,impõe de
imediato certas condições: a primeira é de existir a escrita(reconhecida pela
sociedade enquanto um de seus possíveis meios de comunicação); Outra é de obras
produzidas terem se tornado públicas, ou seja, socializadas (ZILBERMAN, 1999,
p.39).
A história da literatura
adota recortes que identificam seu objeto pela nacionalidade, a língua sendo a
opção mais frequente. Se esse critério falhar, como no caso das literaturas
produzidas nas Américas, recorre-se ao fator geográfico, e a literatura
confunde-se com o país em que apareceu inicialmente ou de onde provém o autor
do texto.
Ainda
segundo a mesma autora
A
história da leitura avança para além do texto, lidando, pelo menos com: _ uma
instituição (a escola, com profissionais habilitados para exercerem funções
pedagógicas)...
_uma técnica
(a escrita, código aceito e reconhecido pela comunidade)...
_ uma
tecnológica (fixação da escrita num meio físico permanente, mas esse variou com
o tempo: originalmente em barro em seguida em tabuleiros de argila; mas depois
apareceram instrumentos mais práticos: o papiro, o pergaminho e o papel
(ZILBERMAN, 1999, p. 40)
Nesta perspectiva, a escola
busca alternativas para desenvolver a leitura como meio para que o aluno busque
o conhecimento, interagindo com os colegas, tornando-se assim um leitor e com
isso sanando suas dificuldades na interpretação e na escrita. Considerando que,
para o discente ser um bom argumentador de suas ideias bem como não ter
dificuldades na escrita, precisa ser primeiramente um bom leitor, ou seja, todo
bom argumentador e bom escritor iniciam-se com um bom leitor.
As
alterações ocorridas ao longo do tempo provocaram novas técnicas para a
exploração dos recursos naturais, facilitando a expansão dos meios para fixação
da escrita, bem como sua produção e maior circulação. Também modificaram-se as
formas do objeto que transportava a escrita: dos rolos de pergaminho ao formato
retangular do livro impresso em papel, e até
dos CDs, a que se tem acesso por intermédio de programas em linguagem
eletrônica, decifradas por um editor de texto. Os processos de fixação da
escrita também se transformaram no tempo, caminhando na direção da facilitação
e da socialização.
A
história da leitura consiste na história das possibilidades de ler e sua
evolução ao decorrer do tempo. A atividade da escola, somada a difusão da
escrita enquanto forma socialmente aceita de circulação de bens e a expansão
dos meios de impressão, faculta a existência de uma sociedade leitora. Mas para
que isso ocorra é fundamental que a escola seja atuante, que valorize a
educação enquanto fator de ingresso à sociedade; e que a escrita seja
considerada um bem, propriedade que atesta a existência de outras propriedades.
Neste
contexto a leitura consolidou-se como prática nas suas várias acepções. Produto
da escola e critério para ingresso e participação do indivíduo na sociedade. A
leitura se concretiza como uma prática, que se exerce individualmente, mas que
resulta da concepção que a sociedade formula para as classes e as pessoas que a
compõem. Por isso é que sempre nos deparamos com políticas de leitura,
propostas por grupos, categorias profissionais, governos, reveladoras das
dimensões assumidas pelas representações.
7.4.
PERSPECTIVA NO ESTUDO DA LEITURA
Para entender leitura
passa-se de uma ênfase no texto, para depois uma ênfase no leitor, e então se
chega a uma ênfase no contexto social. É um processo complexo e crescente.
Segundo
Leffa
No passado,
principalmente nas décadas de 50 e 60 nos Estados Unidos, a perspectiva do
texto predominou nos estudos da leitura. Buscava-se, assim, a invisibilidade do
texto, constatando toda e qualquer
obscuridade. O desejo era que o texto, um intermediário entre o leitor e
o conteúdo, fosse transparente, mostrando o conteúdo da maneira mais clara
possível (LEFFA, 1999, p. 16).
Dessa
forma, na escola os livros didáticos eram preparados para cada série do ensino
primário e secundário, seguindo rigorosamente as formas de inteligibilidade,
não se permitindo qualquer sobreposição de uma série para outra. E fora da
escola, buscava-se um leitor universal, de competência genérica, forçosamente
nivelando-o por baixo. Com esse objetivo, artigos e livros já publicados eram
reescritos e republicados em linguagem mais simples, às vezes com grande
sucesso.
Conforme
Leffa (1999, p. 17) O que se buscava era
adaptar o texto ao leitor, respeitando suas limitações; a falta de proficiência
em leitura era um direito do leitor. A leitura não era vista como um processo
seletivo, onde o leitor busca no texto, de modo ativo, as informações que lhe
interessam, mas um processo passivo, onde tudo é importante, cada frase e cada
palavra. O aspecto mais importante da leitura, nesta perspectiva atual, é a
obtenção do conteúdo que subjaz ao texto. O conteúdo está no próprio texto,
sendo assim o leitor busca no texto o que lhe interessa, fazendo com que as
informações do conteúdo tirem-lhe as dúvidas.
A
habilidade no reconhecimento de palavras é outro aspecto da perspectiva
ascendente do texto que tem permanecido nos debates sobre a importância do
vocabulário na compreensão. Nesse âmbito, compreender leitura requer
conhecimento de vocabulário, ou seja, o leitor que aumentar seu vocabulário
aumentará automaticamente a compreensão do texto e este também ajudará para que
o leitor aumente seu vocabulário.
7.4.1 CRÍTICAS À PERSPECTIVA TEXTUAL
De
acordo com Leffa
não é conhecido do
vocabulário que se melhora a compreensão, mas uma outra ou outras variáveis
associadas ao vocabulário. Sendo que essas variáveis podem ser, por exemplo, a
capacidade de identificar o contexto, acionar o conhecimento de mundo
relevante, estabelecer conexões com diferentes partes do texto (LEFFA, 1999, P.
23).
Nessa
perspectiva, a causa da melhor compreensão do texto estaria, não somente no
domínio do vocabulário, mas na presença dessa variável.
Ainda
conforme Leffa (1999, p. 23) enquanto que
na perspectiva textual da leitura, a construção de sentido dá-se de modo
ascendente, acionada pelos dados do texto, na perspectiva do leitor, o sentido
é construído de modo descendente, acionado pelos conceitos. Esses conceitos
estão fundamentados na experiência de vida do leitor e envolvem conhecimentos
linguísticos, textuais e enciclopédicos, além de fatores afetivos.
A
perspectiva de leitura como atribuição de sentido, envolve pressupostos básicos
como “ler significa usar estratégias”, ou seja, ler implica a capacidade de
avaliar e controlar a própria compreensão, permitindo correção. “A leitura
depende mais de informações não visuais do que visuais”, “ler é prever”, o
leitor usa seu conhecimento prévio para direcionar sua trajetória pelo texto;
bem como “ler é conhecer as convenções da escrita”, isto é, saber que escrita e
fala são diferentes. Há textos que são escritos especificamente para serem
lidos, não falados, exemplos: cartas, livros, relatórios. Conforme afirma LEFFA
(1999, p. 27) há uma diferença muito
grande entre ler e falar e o leitor proficiente, com maior ou menor grau de
consciência, tem noção desta diferença e dos traços que a marcam. O leitor
é um elemento ativo, atribui significado, faz previsões, separa amostras,
confirma e corrige hipóteses sobre o texto, isso na perspectiva da leitura, com
foco no leitor.
7.4.2 CRÍTICAS DA PERSPECTIVA DO LEITOR
Nessa
perspectiva, Leffa (1999, p. 28) afirma: O
leitor passa a ser visto como um soberano absoluto da construção do
significado. O leitor tem o poder de atribuir o significado que lhe aprouver.
Não há significado certo ou errado, há apenas o significado do leitor e cada
leitor faz o seu.
A
leitura não é vista como um processo isolado, mas estudada dentro de um
contexto maior em que o leitor transaciona com o autor através do texto, num
contexto específico, com intenções específicas. Nesse contexto, o texto é
construído pelo autor ao produzi-lo, bem como pelo leitor ao lê-lo. A leitura também
pode ser vista, não apenas como uma atividade mental, mas como uma atividade
social, com ênfase na presença do outro.
A
leitura, como comportamento social, pode excluir o leitor, na medida em que, um
texto exige pré-requisitos que a própria escola e a sociedade sonegaram a
determinados alunos. Nesse sentido, o aluno sem poder se inserir como
consumidor de texto permanece um excluído, geralmente condenado ao fracasso
escolar, conforme afirma Leffa
a aquisição do
conhecimento e consequentemente sucesso na escola podem ser obtidos pela
leitura de textos escritos, mas tragicamente não há como se apropriar do
sentido e da função do texto, sem o domínio das práticas sociais em que ele
está inserido (LEFFA, 1999, p. 31).
Todo
texto implica num leitor, estabelecendo parâmetros para a atribuição de
sentido. E se o leitor não tiver a competência necessária, dará ao texto uma
interpretação equivocada. Essa questão indica que a leitura é um ato coletivo,
que acontece dentro de uma comunidade que tem suas regras e convenções. O
leitor lê algo com alguém e para alguém, com o objetivo de atribuir sentido
dentro de um contexto.
7.5 CRÔNICA
Para
Mendonça 2011 a palavra crônica vem do grego chronikós, relacionado a
tempo (chrónos) e por muito tempo o termo foi utilizado para designar uma lista
de acontecimentos ordenados em sequência cronológica. Com a difusão da imprensa
a crônica aderiu ao jornal como o relato do dia a dia e em 1799 apareceu em
Paris como “feuilletons”, fazendo uma crítica da atividade dramática. Em 1836,
no Brasil, o termo traduz para “folletim” e passa a ser usado como narrativa do
dia a dia e aqui se desenvolve de forma diferenciada de como se apresenta em
outras literaturas.
A
crônica, no Brasil, é considerada um gênero híbrido, ao qual se atribui a
objetividade característica do jornalismo e a subjetividade própria da
literatura. A crônica deve ser breve, subjetiva (foco narrativo em 1º pessoa do
singular). O diálogo aparece na crônica como uma conversa imaginária com o
leitor implícito, sendo monólogo enquanto auto-reflexão e diálogo enquanto
projeção que para Carlos Drummond de Andrade, seria um monodiálogo (Drummond, apud Moisés, 1975, p. 256), devendo a
linguagem ser a da atualidade.
A
temática que trata está sempre relacionada com o cotidiano, daí a dificuldade
de classificação como literatura a ainda muitos a denominarem “gênero menor”.
Porém, em relação às crônicas contemporâneas, elas podem ser consideradas arte,
uma vez que os acontecimentos do dia a dia somente são usados como pretexto para
que o leitor exercite a sua capacidade criativa, contrariamente ao que acontece
no jornalismo.
Um
dos pontos de maior discussão sobre a crônica é em relação a sua efemeridade.
Para alguns escritores, mesmo reunidas em livro, as crônicas são fugazes, mas
para outros autores a fugacidade da crônica deve ser relativizada, pois obras
de autores de renome foram organizadas em livro tornando-as eternas.
Segundo
o crítico Eduardo Portella, a crônica apresenta-se como um fazer literário, e
quando não o é, não é por causa da crônica, mas por culpa do cronista que não
consegue transcender à efemeridade da notícia de jornal. Não existe estrutura
na crônica, podendo ser um conto, um poema em prosa, um pequeno ensaio, ou tudo
junto. Para ele os gêneros não se excluem, mas se incluem (PORTELLA apud BENDER
& LAURITO,1993, p. 53).
O
espaço que predomina na crônica é o urbano, o rural aparece geralmente em forma
de memória de um tempo feliz. O tempo, às vezes, confunde-se com o espaço como
em outros gêneros, como pode passar a ser assunto da crônica. A descrição
combina muito com o gênero, pois torna grande o pequeno, e importante o
trivial, já que o cronista se mete a escrever sobre tudo e, às vezes, não tem
assunto.
Nas
crônicas narrativas as personagens têm vida curta e são representadas por
filhos, mães, primos; porém há casos em que o autor as tornam quase vivas
repetindo-as em várias crônicas.
Apesar
de ser um gênero de difícil conceituação, é primordial que se reconheça que é
um gênero que traz temas do cotidiano, tem uma linguagem atual, tem
ingredientes propriamente literários, dos quais há de se destaca o humor. A
crônica tanto serve para ser apreciada num jornal ou revista, quanto para ser
lida em sala de aula.
7.6 O HUMOR COMO MECANISMO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM
O riso sempre esteve presente no
cotidiano das pessoas, seja nas piadas contadas entre amigos, seja em
determinada situação engraçada, ou às vezes nem tanto, vivida por uma pessoa, e
que foi motivo de sarro para outras. De todos os animais, somente o homem, ri,
e fora o riso espontâneo das crianças, para citar Paes em Konzen, a capacidade de rir está ligada intimamente
à capacidade de pensar, privativa do homem, único animal racional (PAES,
1993 apud KONZEN, 2002, p.47). Ou seja, o homem não só é capaz de rir, como
também é o único com condições de tomar consciência de por que o faz. Assim, é
capaz de rir, até mesmo das próprias mazelas, sempre encontrando um jeito bem
humorado para lidar nas mais difíceis situações. O riso funcionaria como uma
espécie de contra ponto ao que está acontecendo. Uma forma de se dizer que algo
não deveria ser de determinada forma, e que de alguma maneira, fugiu à
normalidade, senão, não haveria motivo para rir.
O humor inteligente leva o
indivíduo a inferir, comparar, confrontar e formular hipóteses, não é
simplesmente o riso pelo riso, mas aquilo que motivou a rir. Então, a afirmação
de que a comédia é inferior à tragédia, além de suscitar uma ideologia
contrária ao pensamento crítico das pessoas, é infundada. A utilização do texto
humorístico pode contribuir muito para a formação de um cidadão crítico. Além
disso, desenvolve habilidades de raciocínio, através de situações prazerosas e
motivadoras. Neste caso, é necessário que o professor proporcione experiências
voltadas para o desenvolvimento do raciocínio.
O trajeto histórico, no
entanto, mostra que a comédia não desfruta do mesmo prestígio da tragédia.
Enquanto esta possui heróis e narra fatos heroicos, aquela se ocupa de
acontecimentos burlescos e de cidadãos comuns. Na comédia, o senso crítico do
indivíduo revela-se por meio do riso, deixando-o mais próximo da realidade dos
fatos; ao contrário, a tragédia mexe com a sua emoção. Logo, pode-se dizer que
o riso é uma manifestação do pensamento crítico, só ri quem consegue compreender
e analisar uma dada situação e o que ela sugere.
Para Solé (1998, p. 91), as
situações de leitura mais motivadoras também são as mais reais, aquelas em que
a criança lê para se libertar, para sentir o prazer de ler. Neste caso, é
importante iniciar o trabalho com textos humorísticos desde o ingresso da
criança em sala de aula, aprofundando no decorrer de sua vida escolar.
8. ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
Esta pesquisa é de cunho qualitativo
exploratório e busca estratégias de leitura, por meio de estudos bibliográficos,
tendo como base as crônicas engraçadas. Desenvolve-se segundo a análise do
pesquisador e propõe atividades de leitura e produção de texto como atividade
prazerosa.
Realizaremos uma pesquisa
bibliográfica para buscar responder as questões de desinteresse pela leitura,
buscando estratégias para sanar tais deficiências, pondo em prática, na sala de
aula, os encaminhamentos pesquisados tentando amenizar essa carência dos
discentes.
Para tanto, foi detectado que os adolescentes que frequentam a escola e o
8º ano do ensino fundamental do Colégio Estadual Padre Anchieta – Ensino
Fundamental e Médio, de Salgado Filho não têm o hábito da leitura e, muitos
leem somente cumprindo obrigações postas pela escola e pelos professores e não
a têm como um meio de pesquisa e aquisição de conhecimentos.
Propormo-nos a buscar, junto com os alunos, em revistas de divulgação,
jornais, livros literários e didáticos e na internet, crônicas que o aluno
tenha prazer em ler, tornando assim o ato de ler um momento de distração e de
busca de conhecimento, tornando-o um bom leitor e consequentemente um bom
escritor.
Num primeiro momento faremos a apresentação do projeto aos alunos e
buscaremos na internet um breve histórico do que é crônica e como e no que os
escritores se inspiram para escrever, para isso buscaremos entrevistas com
escritores, no site de busca Youtube, falando sobre suas inspirações para
escrever.
Após pesquisaremos em revistas de divulgação, jornais, livros didáticos e
também na internet, crônicas engraçadas para ser lidas e discutidas, onde o
professor formulará questões para ser interpretadas. Sabendo que os discentes
gostam muito do laboratório de informática, proporemos que os alunos, em
grupos, busquem na internet outras crônicas engraçadas e possam estar lendo
para os demais da turma, fazendo junto com os demais sua interpretação.
Além das crônicas buscadas nestes veículos de comunicação, levaremos
outras crônicas engraçadas para que seja feito leituras em sala de aula pelos
alunos e interpretações propostas pelo professor para que possamos nos
aprofundar na maneira de escrita de tais textos.
E por fim, buscaremos junto com os alunos algumas situações ou fatos do
cotidiano da nossa cidade para estudo e discussão, levantando dados para uma
posterior produção de crônicas engraçadas pelos discentes. E em conjunto
tentaremos eleger algumas crônicas produzidas pelos discentes para serem
publicadas no site da escola e em jornais de circulação de nossa comunidade,
buscando socializar o trabalho produzido pelos alunos do 8º ano do Colégio
Estadual Padre Anchieta – Ensino Fundamental e Médio, do município de Salgado
Filho – Paraná.
Para avaliação do Projeto de Intervenção Pedagógica, levaremos os alunos
a descreverem quais foram os pontos positivos e os pontos negativos e o que se
pode fazer para melhorar, passando os resultados para os demais professores de
língua portuguesa de nosso colégio para que possam na medida do possível usar
em suas aulas.
9. CRONOGRAMA
– PDE 2012
|
Projeto de intervenção pedagógica na escola
|
Produção didático pedagógica
|
Implementação do projeto de intervenção
pedagógica na escola
|
Artigo Científico
|
1º período
Fevereiro a julho 2012
|
X
|
|
|
|
2º período agosto a dezembro 2012
|
|
X
|
|
|
3º período
Fevereiro a julho de 2013
|
|
|
X
|
|
4º período
Agosto a dezembro de 2013
|
|
|
|
X
|
10. REFERÊNCIAS
BENDER, Flora; LAURITO, Ilka. Crônica-História,
Teoria e Prática. São Paulo: Editora Scipione, 1993.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. 2 ed. São Paulo: Scipione,
1990.
KONZEN, Paulo Cezar. Ensaios sobre a arte da palavra. Cascavel:
Edunioeste, 2002.
LEFFA, Vilson J. Perspectiva no Estudo da Leitura -
Texto, Leitor e Interação Social. In: LEFFA, Vilson J. & PEREIRA, Aracy E. O
Ensino da Leitura e Produção Textual. Pelotas – RS: Educat, 1999. P. 14-37.
MENDONÇA, Tauane Bevilacqua. Os Retratáveis do Samba e Pérsio Moraes: Análise de Elementos Ligados
ao Samba a partir das Crônicas da Revista da Música Popular (1954 – 56). Curitiba:
UFPR, 2011. 79 p.
MOISÉS, Massaud. A Criação Literária. São Paulo:
Editora Cultriz, 1975.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação do. Diretrizes
curriculares da educação básica: Língua Portuguesa. Curitiba: Secretaria da
educação, 2008.
RICHE, Rosa & HALDAD, Luciane. Oficina da palavra,
ler e escrever bem para viver melhor. 5. ed. São Paulo:FTD, 1994.
SILVA, Theodoro Ezequiel da. A Produção da Leitura na
Escola. 2. ed. São Paulo: Ática, 2005.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de
Leitura. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.
ZILBERMAN, Regina. A Leitura no Brasil História e Instituições. In:
LEFFA, Vilson J. & PEREIRA, Aracy E. O Ensino da Leitura e Produção
Textual. Pelotas – RS: Educat, 1999. P. 40-51.
trabalho maravilhoso.
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