CRÔNICA
Para
Mendonça 2011 a palavra crônica vem do grego chronikós, relacionado a
tempo (chrónos) e por muito tempo o termo foi utilizado para designar uma lista
de acontecimentos ordenados em sequência cronológica. Com a difusão da imprensa
a crônica aderiu ao jornal como o relato do dia a dia e em 1799 apareceu em
Paris como “feuilletons”, fazendo uma crítica da atividade dramática. Em 1836,
no Brasil, o termo traduz para “folletim” e passa a ser usado como narrativa do
dia a dia e aqui se desenvolve de forma diferenciada de como se apresenta em
outras literaturas.
A
crônica, no Brasil, é considerada um gênero híbrido, ao qual se atribui a
objetividade característica do jornalismo e a subjetividade própria da
literatura. A crônica deve ser breve, subjetiva (foco narrativo em 1º pessoa do
singular). O diálogo aparece na crônica como uma conversa imaginária com o
leitor implícito, sendo monólogo enquanto auto-reflexão e diálogo enquanto
projeção que para Carlos Drummond de Andrade, seria um monodiálogo (Drummond, apud Moisés, 1975, p. 256), devendo a
linguagem ser a da atualidade.
A
temática que trata está sempre relacionada com o cotidiano, daí a dificuldade
de classificação como literatura a ainda muitos a denominarem “gênero menor”.
Porém, em relação às crônicas contemporâneas, elas podem ser consideradas arte,
uma vez que os acontecimentos do dia a dia somente são usados como pretexto para
que o leitor exercite a sua capacidade criativa, contrariamente ao que acontece
no jornalismo.
Um
dos pontos de maior discussão sobre a crônica é em relação a sua efemeridade.
Para alguns escritores, mesmo reunidas em livro, as crônicas são fugazes, mas
para outros autores a fugacidade da crônica deve ser relativizada, pois obras
de autores de renome foram organizadas em livro tornando-as eternas.
Segundo
o crítico Eduardo Portella, a crônica apresenta-se como um fazer literário, e
quando não o é, não é por causa da crônica, mas por culpa do cronista que não
consegue transcender à efemeridade da notícia de jornal. Não existe estrutura
na crônica, podendo ser um conto, um poema em prosa, um pequeno ensaio, ou tudo
junto. Para ele os gêneros não se excluem, mas se incluem (PORTELLA apud BENDER
& LAURITO,1993, p. 53).
O
espaço que predomina na crônica é o urbano, o rural aparece geralmente em forma
de memória de um tempo feliz. O tempo, às vezes, confunde-se com o espaço como
em outros gêneros, como pode passar a ser assunto da crônica. A descrição
combina muito com o gênero, pois torna grande o pequeno, e importante o
trivial, já que o cronista se mete a escrever sobre tudo e, às vezes, não tem
assunto.
Nas
crônicas narrativas as personagens têm vida curta e são representadas por
filhos, mães, primos; porém há casos em que o autor as tornam quase vivas
repetindo-as em várias crônicas.
Apesar
de ser um gênero de difícil conceituação, é primordial que se reconheça que é
um gênero que traz temas do cotidiano, tem uma linguagem atual, tem
ingredientes propriamente literários, dos quais há de se destaca o humor. A
crônica tanto serve para ser apreciada num jornal ou revista, quanto para ser
lida em sala de aula.
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