O HUMOR COMO MECANISMO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM
O riso sempre esteve presente no
cotidiano das pessoas, seja nas piadas contadas entre amigos, seja em
determinada situação engraçada, ou às vezes nem tanto, vivida por uma pessoa, e
que foi motivo de sarro para outras. De todos os animais, somente o homem, ri,
e fora o riso espontâneo das crianças, para citar Paes em Konzen, a capacidade de rir está ligada intimamente
à capacidade de pensar, privativa do homem, único animal racional (PAES,
1993 apud KONZEN, 2002, p.47). Ou seja, o homem não só é capaz de rir, como
também é o único com condições de tomar consciência de por que o faz. Assim, é
capaz de rir, até mesmo das próprias mazelas, sempre encontrando um jeito bem
humorado para lidar nas mais difíceis situações. O riso funcionaria como uma
espécie de contra ponto ao que está acontecendo. Uma forma de se dizer que algo
não deveria ser de determinada forma, e que de alguma maneira, fugiu à
normalidade, senão, não haveria motivo para rir.
O humor inteligente leva o
indivíduo a inferir, comparar, confrontar e formular hipóteses, não é
simplesmente o riso pelo riso, mas aquilo que motivou a rir. Então, a afirmação
de que a comédia é inferior à tragédia, além de suscitar uma ideologia
contrária ao pensamento crítico das pessoas, é infundada. A utilização do texto
humorístico pode contribuir muito para a formação de um cidadão crítico. Além
disso, desenvolve habilidades de raciocínio, através de situações prazerosas e
motivadoras. Neste caso, é necessário que o professor proporcione experiências
voltadas para o desenvolvimento do raciocínio.
O trajeto histórico, no
entanto, mostra que a comédia não desfruta do mesmo prestígio da tragédia.
Enquanto esta possui heróis e narra fatos heroicos, aquela se ocupa de
acontecimentos burlescos e de cidadãos comuns. Na comédia, o senso crítico do
indivíduo revela-se por meio do riso, deixando-o mais próximo da realidade dos
fatos; ao contrário, a tragédia mexe com a sua emoção. Logo, pode-se dizer que
o riso é uma manifestação do pensamento crítico, só ri quem consegue compreender
e analisar uma dada situação e o que ela sugere.
Para Solé (1998, p. 91), as
situações de leitura mais motivadoras também são as mais reais, aquelas em que
a criança lê para se libertar, para sentir o prazer de ler. Neste caso, é
importante iniciar o trabalho com textos humorísticos desde o ingresso da
criança em sala de aula, aprofundando no decorrer de sua vida escolar.
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